Você lembra como foi sua primeira menstruação? Você sabia o que estava acontecendo? Foi constrangedor, foi traumático, ou foi tranquilo e você teve quem te explicasse como seu corpo passaria a funcionar?
Admito que não lembro de muita coisa, mas lembro que não tive muita informação vinda de casa, ao mesmo tempo que isso não era tratado como tabu, mas também não era muito discutido. Lembro de obter informações (que hoje percebo meio duvidosas) através das amigas da escola, um pouco superficialmente das aulas de biologia, mas se tem algo que me lembro nitidamente é da dor horrível das cólicas que tive logo antes da primeira menstruação descer, aos meus 12 anos de idade. E também, claro, do constrangimento da minha mãe contando para minha avó, que então falou para todo mundo, sobre o acontecido (como se fosse o evento do ano).
Minha relação com a menstruação, logo de início, era normal, não tenho muitas memórias sobre isso, porém lembro de já aos 13/14 anos, ir na minha primeira consulta ginecológica e me receitarem a famigerada pílula anticoncepcional, com a famosa desculpa de usá-la para “regular meu ciclo”. Bom, como iniciei minha vida sexual um tempo depois disso, no fim não foi de todo mal, vejo hoje que naquelas circunstâncias, era o melhor pra mim, pois a falta de informação era grande.
Dez anos depois, eu no auge dos meus quase 24 anos, comecei cada vez mais estudar sobre saúde e ciclos feminino, estava cada vez mais propensa a testar largar o anticoncepcional, quando finalmente me deparei com a informação de que a pílula não regula o ciclo, ela justamente o bloqueia, nos fazendo deixar de ciclar, pois é justamente essa sua função para tentarmos evitar uma gravidez indesejada. Naquele momento, me caíram todos o butiá do bolso (como falamos aqui no RS), quando me dei conta de que não conhecia meu corpo ciclando e consequentemente não conhecia minha menstruação de verdade, pois quando tomamos pílula o sangramento que temos na pausa da cartela é um sangramento por privação hormonal, que é completamente diferente.
Ali me vi ainda mais ansiosa por parar com os hormônios sintéticos, mas ao mesmo tempo morria de medo de ficar sem nenhum método contraceptivo, pois não era meu desejo engravidar tão cedo. Foi quando descobri o DIU de cobre, comecei a ler cada vez mais a respeito, e vi que seria um possível boa alternativa pra mim.
Hoje, após dois anos de ter colocado DIU, sou muito feliz e satisfeita com meu método. Não estou aqui pra romantizar nada, muito menos a menstruação, que sei que não é fácil para nenhuma de nós, para umas é ainda mais difícil que para outras, mas como sempre falo, não é que eu ameee de paixão menstruar, mas eu amo ciclar e conhecer meu corpo, entender o que está acontecendo todo mês, e a menstruação é uma consequência disso.
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